domingo, 30 de julho de 2017

Sobre Alexandre Kassis e a Editora Enredos










Somos todos contadores de histórias, em nossa “espécie fabuladora”, cada um com seu “cérebro contador de histórias, que faz de nós humanos...”  (Nancy Houston, em A Espécie Fabuladora)

Por falar em histórias, vou contar aqui parte de minha história, que começou tempos atrás e que explica um pouco a origem e essência da Editora Enredos.

Após a minha graduação em Ciências Sociais, em um momento de desânimo e confusão, houve um redirecionamento radical de minha carreira e segui para o campo da criação de bonecos e cenários em espuma, para teatro e eventos infantis. Então me dediquei a ensinar as técnicas desenvolvidas por mim, depois de várias tentativas, com muitos erros, muitos acertos, até sentir orgulho de minhas criações e cursos.

Eu gostava de criar bonecos em espuma e de dar aulas, mas não eram suficientes. Queria algo mais condizente com meu espírito intelectual e daí passei a pesquisar sobre teorias relativas ao teatro de bonecos, à Literatura Infantil, aos contos de fadas, sobre as funções sociais e psicológicas dos mitos e histórias.

Deixei os bonecos de lado, criei um curso de Formação para Contadores de Histórias e assim continuei a dar aulas. 
Certo dia, encontrei uma ONG que formava voluntários para contar histórias a crianças hospitalizadas, a Viva e Deixe Viver, e propus a ela uma longa oficina gratuita sobre interpretações de contos de fadas, que foi desenvolvida em sua sede aqui na cidade de São Paulo.

Ministrar essa oficina, assim como ministrar um curso gratuito totalmente online também para voluntários da Viva foram experiências transformadoras para mim, pois a convivência e diálogos com aquelas pessoas chamaram minha atenção para as necessidades diferenciadas de crianças e adolescentes hospitalizados, com cotidianos distantes daqueles que brincam livres nos parques e nas festas infantis, que jogam bola, andam de bicicleta, que frequentam espetáculos de teatro (de gente e de bonecos), participam de atividades lúdicas, que vão à escola etc.

Passei a pesquisar sobre os significados psicológicos e terapêuticos das histórias infantis, para melhor compreensão de seus usos em contextos hospitalares, o que é um foco de interesse constante em meu trabalho desde então. 
Depois de certo tempo, em meio às minhas investigações teóricas, mais uma vez encontrei uma temática relativa ao atendimento a crianças e adolescentes hospitalizados, a Pedagogia Hospitalar, e logo me inscrevi em um curso de Extensão nessa área, oferecido por docentes do Hospital A.C. Camargo, que atende pacientes com câncer, inclusive crianças e adolescentes, e onde há uma Classe Hospitalar que oferece suporte à continuidade de escolarização dos pacientes em idade escolar.

Graças a esse curso, ocorreu mais uma mudança positiva em minha vida. Fui convidado por uma das colegas de turma a participar da concepção e realização de um curso de Especialização em Pedagogia Hospitalar, na Faculdade na qual ela era diretora. Desenvolvi, implementei e coordenei tal curso junto com aquela colega e fui um dos docentes que ministrou uma disciplina referente ao significado do contar e ler histórias, em diferente contextos e finalidades.

Sem negar minha fome eterna pelo conhecimento, resolvi fazer mais uma pós-graduação, dessa vez em Arteterapia. Meu trabalho de conclusão nesse curso foi sobre os Contos da Meia Idade em Processos Arteterapêuticos, que tratou sobre a importância das histórias no desenvolvimento psicológico de adultos.

Dessas experiências surgiu a Editora Enredos, que criei para publicar livros e revistas voltados ao desenvolvimento humano, portal para contarmos nossos histórias e transformar vidas para melhor.

Para dar um “final feliz” (só um começo) para essa pequena parte da minha história, que trouxe a Editora Enredos para a luz, fecho com ENREDOS: 

Cá estamos nós, unidos pelos nós 
tramados pelas mãos da Velha Senhora! 
A hora é sempre agora: 
de laçar pontos, 
de contar contos, 
de pintar telas, 
de modelar massas,
de erguer taças 
num grande brinde por vidas mais belas. 
Sem medos, a tecer nossos enredos.

Abraços
Alexandre Kassis/Editora Enredos



Nenhum comentário:

Postar um comentário